sexta-feira, 13 de agosto de 2010

À OUTRA (que habita em mim)

Eu vou te contar que você não me conhece, e eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve.
A sedução me escraviza a você ao fim de tudo você permanece comigo mas preso ao que eu criei e não a mim.
E quanto mais falo sobre a verdade inteira um abismo maior nos separa.
você não tem um nome, eu tenho.
Você é um rosto na multidão e eu sou o centro das atenções.
Mas a mentira da aparencia do que eu sou,é a mentira da aparencia do que você é
Porque eu, eu não sou o meu nome,
e você não é ninguém
O Jogo perigoso que eu pratico aqui busca chegar ao limite possível de aproximação através da aceitação da distância e do reconhecimento dela
entre eu e você existe a noticia que nos separa
eu quero que você me veja nua
eu me dispo da noticia
e a minha nudez parada
te denuncia e te espelha
eu me delato
tu me relatas
eu nos acuso e confesso por nós
assim me livro das palavras com as quais você me veste

Texto de Fauzi Arap, por Maria Bethania.

2 comentários:

  1. Parabens!! Alem de poeta vc é uma filosofa, amei seus escritos vou voltar outras vezes para ler mais bjs Heudes

    ResponderExcluir
  2. Eu dispo-me de palavras como de vestes antigas que já não me cabem mais...
    Não sou exatamente aquilo que você relatas
    em seu diário virtual...
    Nada do que supões que sou...
    A sedução não me escraviza mais e não estou preso a nada...
    Sou um anônimo no meio da multidão, assim como todos os outros...
    Eis o que sou!
    Alguém que atravessa um abismo sobre uma corda bamba...
    Que se despojou das aparências e que renegou seu nome...
    Alguém que é ninguém e assim mesmo uma pessoa...
    Na verdade eu busco chegar no limite entre o possível e o impossível...
    E para isso eu descarto todas as notícias do dia
    e aceito a distância que nos separa, não como um mal, mas como uma condição necessária...
    Na verdade eu também não sei exatamente quem você é...
    Um perfil como tantos outros,um rosto gravado na memória que vai se apagando pouco a pouco...
    (será que vc poderia continuar o poema?)

    ResponderExcluir